“Um dos grandes sucessos da Netflix nesse mês está sendo o documentário com tons sombrios: O Dilema das Redes. No filme, antigos funcionários das grandes redes sociais como Facebook, Twitter, Google, atualmente desvinculados das empresas, expõem como essas empresas agem para conseguir lucro. Mais especificamente, como as redes sociais tem apresentado um alto potencial de manipulação, capaz de criar ideologias e comportamentos nos usuários, espalhar fake News, fomentar ódio, tudo em nome de interesses comerciais. Em quase duas horas de filme, ex-diretores e criadores das redes comentam sobre o cada vez mais inteligente algorítimo utilizado para prender o usuário o maior tempo possível conectado na plataforma. O que vemos é a possibilidade dessas empresas de conhecer tão bem cada indivíduo que são capazes de oferecer exatamente o que queremos ver para continuarmos online. Até aí, nada demais. O problema surge quando lembramos o quanto complexa, ou bizarra, é a mente humana. Tragédias geram engajamento social. Violência consegue audiência altíssima. Fake News se espalham 6 vezes mais que uma verdade. Parece que o algorítimo descobriu que nossa mente é doentia. E se aproveitou disso para criar uma verdade para cada pessoa. Qualquer limite ético foi ultrapassado para se vender anúncios. E a coisa só piora. Nos últimos anos, em vários cantos do mundo tem surgido denúncias de manipulação de eleições governamentais provocadas pelas redes sociais, especialmente pelo Facebook. O que parece bem provável para um algorítimo que conhece tão bem cada eleitor, podendo facilmente manipular a intenção de voto do usuário. Num mundo radicalmente polarizado como o que vivemos atualmente, a tarefa fica ainda mais fácil e causadora de maior dano. O documentário serve de alerta para o perigo a que estamos expostos, ressaltando o fato d que Estes serviços não se submetem a nenhum tipo de regulamentação. Nas últimas semanas, celebridades estão exigindo mudanças nas redes sociais, e muitas declarando boicote às redes. Outras dizem que há um medo exagerado, já que temos a opção de nos desconectar. Há vinte anos atrás, um filme impactou o mundo com um enredo fantástico e assombroso, no qual a humanidade vivia uma realidade falsa criada por máquinas. Poucos conseguiam ver a verdade de fato. Eis que nos vemos, no mundo real e fora da ficção, tentando enxergar a verdade fora da Matrix. Que saibamos viver o mundo real com nossos próprios olhos.” Texto de Conrado Muylaert.
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