Hoje trouxe um texto do Conrado Muylaert e imagino que muitas pessoas vão se identificar. É uma leitura que vale a pena termos de tempos em tempos para pensarmos um pouco se estamos aproveitando a vida ou só vivendo. Segue o texto:
Sabe quando a gente acorda meio nostálgico, com a vida sendo repassada na sua cabeça?
Hoje acordei assim, e, enquanto curtia esse filme sobre minha história, me dei conta de tantas vezes que não aproveitei por completo algumas fases por exigir que várias condições estivessem presentes para ser feliz.
Algumas vezes, eu queria ter um amor e estava sozinho. E não curtia os amigos que estavam comigo, os lugares, a família. Um medo da solidão me tomava, e ansiedade pelo futuro estragava o presente.
Outras vezes, queria estar num lugar diferente do que eu estava, e nem me dava conta do quanto iria sentir saudade daquele mesmo lugar anos depois. Na escola, queria estar na faculdade. Na faculdade, tinha outro plano para o futuro e não vivia com intensidade aqueles anos hoje tão saudosos.
E assim foi indo, e fico com a sensação de que faltou mergulhar na vida. Ir com tudo para ser feliz com o que se tem. A vida é feita de fases. Se ficarmos lamentando a passagem de uma ou esperar exclusivamente a chegada de outra, não se vive a mais importante: a fase presente. Ou melhor, a vida real.
“E se as coisas não se ajeitarem no futuro?” pensamos a todo tempo. Mas será que não é possível ser feliz com o que se tem? Meu “eu” do futuro, quer dizer, do atual presente, diz que sim ao meu “eu” do passado. As coisas se ajeitam. Por pior que seja a fase, ela ainda assim será capaz de deixar saudade. Não há lugar melhor do que você está agora. Porque é o único que existe. Se está com alguém, se entregue de cabeça. Se está sozinho, a solidão pode ser uma boa amiga, e, te garanto, assim como você, também gosta de visita.
Se está num trabalho, ou escola ou faculdade que não gosta, aceite, nem que seja temporariamente, e curta do jeito que der. Faça valer a pena. Sabe a história de que a vida te deu limões? Bem, no meu caso, não posso voltar no passado, mas aprendi essa lição e aplico todos os dias.
Hoje, assistindo de fora, distante, tudo fica mais claro, óbvio. E me pego com pena dessas fases perdidas, quase sempre por culpa dessa eterna insatisfação tão comum ao ser humano, que nos faz ficar cegos diante da magia que é o presente.
Muitas vezes lemos em livros e letras de músicas que devemos esquecer o passado e o futuro, e viver somente o presente. Sim, isso já sabemos. Porém, como fazer isso na prática é bem complicado.
O que proponho é um exercício diário.
Não crie condições para ser feliz.
E te digo o porquê: Essas condições raramente estarão todas reunidas numa mesma fase. Se você colocar requisitos para sua felicidade, é bem provável que você nunca aproveite completamente a vida,
Além do mais, pense bem: Quem realmente tem tudo na vida? As raras pessoas que acreditamos ter, como grandes artistas, empresários riquíssimos, jogadores de futebol, e outros poucos, vez ou outra são notícias como vítimas de depressão e dependência química.
Faltar alguma coisa faz bem. Faz a gente ter sede de viver.
Então, queira mais, sem se esquecer de mergulhar no que se tem.
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